terça-feira, 15 de novembro de 2016

CGD e a tragédia de Antígona


Muito se tem falado nos últimos meses sobre a Caixa Geral de Depósitos.
Apesar do meu défice de conhecimentos financeiros, sempre pensei que o ‘dinheiro’ do Estado estivesse na Caixa Geral de Depósitos e como tal não percebia o que seria a ‘recapitalização da Caixa’…
Um destes dias alguém me disse que o Estado Português tem dinheiro noutras entidades financeiras, em Portugal e no estrangeiro, e como tal irá transferir parte desses ativos para a CGD, tendo havido autorização prévia da Comissão Europeia, nomeadamente relativa às questões de ‘concorrência’.
Colocando de parte as questões financeiras, questiono simplesmente “O silêncio dos Inocentes” (expressão que corresponde aqui ao partido dos Camaradas) ou a “tragédia de Antígona” (figura da mitologia grega, expressão que aqui corresponde à atriz de teatro, coordenadora do movimento político de cidadãs e cidadãos), designadamente os arautos da geringonça.

Sugiro que por momentos façamos a seguinte reflexão.
1) Estamos com um Governo de Centro Direita, de um partido que não ganhou as eleições mas que tem maioria parlamentar;
A esquerda aceitaria em silêncio (dos inocentes…)!

2) Passaram mais de 7 meses desde a tomada de posse e mais de 3 meses do legítimo pedido de saída dos elementos da Administração da CGD; (novo governo, nova administração);
A esquerda aguentava… (se os sem-abrigo aguentam…)!

3) O Ministro da Finanças pede a esses administradores que se mantenham em funções (gestão corrente) até à nomeação e tomada de posse da nova equipa, uma vez que tem tido muito trabalho;
A esquerda entendia como razoável todo este tempo de espera… (também se espera nos serviços de urgência… e ninguém morre por isso)!

4) Eram nomeados como Administradores Executivos da CDG, entenda-se do Banco Público, gestores não públicos, grande parte deles com origem na ‘Banca Privada’, e com vencimentos, pagos pelos contribuintes, várias vezes superiores ao do Primeiro-ministro;
A esquerda aceitava… (o cargo de primeiro ministro é que está mal remunerado…)!

5) O governo criava uma legislação específica que dispensa que esses gestores não públicos apresentem ao tribunal constitucional as declarações de rendimento e de património;
A esquerda concorda… (têm direito à sua privacidade…imaginem que algum deles vive em união de facto com outro cidadão do mesmo género… não podem ser alvo de discriminação)!

No final desta história toda, vamos ver que foi uma verdadeira “Tragédia de Antígona”, onde esta figura mítica acaba por assistir à morte dos dois irmãos quando, imagine-se, lutavam um contra o outro para alcançar o trono…

Agora Acordem! “Inocentes” e “Antígona” suportam o Governo da Republica. Até quando? não sei, mas ouvi dizer que o Ministro das Finanças vai sair do governo…!




segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Trumpestade ou Monica Clinton



Durante mais de seis meses e a cerca de 5 mil km de distância fui (fomos) assistindo ao processo de eleição do próximo presidente dos EUA, cujo resultado estamos à beira de conhecer.
Dizem que os EUA são o país da liberdade e onde melhor se exerce a democracia. Porque será?
a)      Desde 1853 que só existem presidentes com origem num partido. Num de dois possíveis… Republicano (18) ou democrata (13);
b)      São os ‘Estados Unidos’ mas há estados em que ainda existe Pena de Morte;
c)      O candidato que obtiver mais votos pode não ser o vencedor;
d)      Nesta eleição em particular ficamos a saber muito pouco (ou quase nada) sobre a perspetiva que cada candidato tem sobre questões essenciais para a humanidade como sejam ambiente, segurança, economia…
Dir-se-á que a democracia é o menos mau de todos os sistemas de organização social e de representação politica dos interesses comuns. Mas, como em tudo, tem limitações.
A esta hora estamos perante incerteza de resultado, sendo que por um lado poderemos dizer: “damos-lhe o benefício da dúvida, e votamos Trump” e por outro dizer: “impossível ter aquele como presidente, e votamos Clinton”. Trump está e estará no centro das atenções e seguramente no centro da decisão de muitos votos. Nele ou contra ele. E isso, quer se queira quer não fará dele um vencedor de popularidade.
Clinton arrisca-se a ganhar depois de ter apanhado um susto durante as últimas semanas de campanha. Trump arrisca-se a ganhar, ficando eu com a ideia que ele seria(á) o “Boris Johnson” Americano (aquele que defendeu o Brexit e depois deixou o partido conservador, que propôs o referendo).
Não deixa também de ser curioso que depois do lendário, carismático e assassinado John F. Kennedy, do demissionário Nixon, do ator Regan, do Pai e Filho Bush e do Afroamericano Obama, venhamos agora a ter não o filho/descendente mas a esposa/’ascendente’ de um ex-presidente. Bill Clinton, Aquele presidente que melhor negociou o conflito Israel/Palestina mas que ficará na história pela frase: ”I did not have sexual relations with that woman
É também curioso apreciarmos algumas sondagens que referem que se fossem os europeus a votar, votaríamos de forma esmagadora em Clinton… já por cá, e em vários processos eleitorais, estamos ‘fartos’ de eleger Trumpestades… mas estas, aos olhos dos abstencionistas convictos, parece que só provocam Trumnados lá para os lados das Américas.

A falta de memória coletiva de como é viver num outro regime (comunista, fascista, monárquico, ‘faraónico’…), faz com que nos abstenhamos de participar nos processo democráticos, incluindo votações/eleições, permitindo naturalmente que apareçam figuras com tanto de superficialidade como de populismo, e como tal com elevada probabilidade de vencer… vamos ver!